sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Compressões Torácicas Mecânicas X Manuais na PCR



Scandinavian Journal of Trauma Resuscitation and Emergency Medicine 24(1) 2016
Hui Li, Dongping Wang, Yi Yu, Xiang Zhao e Xiaoli Jing

Introdução
O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão sistemática das literaturas publicadas comparando o uso do dispositivo mecânico de compressão torácica e a compressão torácica manual durante a parada cardíaca (PCR) com relação aos resultados de sobrevida de curto prazo e função neurológica.

Métodos
Bases de dados, incluindo MEDLINE, EMBASE, Web of Science e o registros do ClinicalTrials.gov foram sistematicamente pesquisados. Outras referências foram obtidas a partir de referências cruzadas de artigos incluídos isoladamente. Os critérios de inclusão para esta revisão foram estudos prospectivos controlados de PCR em humanos adultos. Foram utilizados modelos de efeitos aleatórios para avaliar as razões de risco e os intervalos de confiança de 95% para o retorno da circulação espontânea (ROSC), sobrevida da admissão à alta e função neurológica.

Resultados
Doze ensaios (9 fora do hospital e 3 no hospital), envolvendo 11.162 participantes, foram incluídos na revisão. Os resultados desta meta-análise indicaram que não foram encontradas diferenças nos escores da Categoria de Desempenho Cerebral (CPC), na sobrevivência à internação hospitalar e na sobrevida para alta entre ressuscitação manual cardiopulmonar e mecânica para pacientes em PCR fora do hospital. Os dados sobre a obtenção de ROSC tanto no ambiente hospitalar como fora do hospital sugeriram uma má aplicação do dispositivo mecânico (RR 0,71, [95% CI, 0,53, 0,97] e 0,87 [IC95%, 0,81, 0,94], respectivamente). Pacientes fora do hospital recebendo reanimação manual foram mais propensos a atingir ROSC em comparação com a compressão torácica com o dispositivo mecânico (RR 0,88, [95% IC, 0,80, 0,96]). Os estudos intra-hospitalares sugeriram um aumento do dano relativo com as compressões mecânicas para a taxa de sobrevivência para a alta hospitalar (RR 0,54, [IC95%: 0,29; 0,98]). No entanto, os resultados não foram estatisticamente significativos entre diferentes tipos de dispositivos mecânicos de compressão torácica e ressuscitação manual na sobrevida para admissão, para a alta hospitalar e para escores de CPC para pacientes fora do hospital e sobrevida para alta hospitalar em pacientes internados em PCR.

Conclusões
A capacidade de obter ROSC com compressão mecânica foi inferior à compressão manual no peito durante a ressuscitação. O uso de compressão torácica mecânica não pode ser recomendado como um substituto para manobras manuais de PCR, mas sim um tratamento suplementar em uma estratégia global para o tratamento de pacientes em PCR.



Comentário do Blog
Este artigo publicado na Scandinavian Journal of Trauma Resuscitation and Emergency Medicine nos traz a relevância do tema e a necessidade de mais estudos de preferência nacionais sobre o uso do dispositivo mecânico de compressão torácica. Tanto a American Heart Association (AHA) quanto o Conselho Europeu de Ressuscitação (ERC) ainda não decidiram como irão orientar o uso desse tipo de dispositivo na PCR. Porém, uma coisa é certa, o uso de dispositivo mecânico de compressão torácica para quem já usou ou usa no cotidiano faz toda a diferença. Desde de 2015 utilizo na minha pratica assistencial de atendimento pré-hospitalar e percebo o quanto é relevante na PCR em locais de difícil acesso, durante o transporte no interior da ambulância, durante o transporte da ambulância para a sala de vermelha do hospital ou UPA, além da otimização do trabalho do socorrista.

O estudo PARAMEDIC apresentado no congresso da AHA em 2014 concluiu que os dispositivos foram bem recebidos pela sociedade científica, porém ainda precisamos de mais estudos para comprovar as evidências. Esse mesmo estudo demonstrou uma pequena vantagem nos pacientes utilizando os dispositivos, porém nada tão significativo, por isso venho convidar, os colegas, que utilizam um dispositivo de compressão torácica mecânica, para juntos criarmos evidências relevantes não para a substituição da compressão manual, mas para a recomendação adequada para o uso no pré e intra-hospitalar e a demonstração que um suporte tecnológico que vale seu investimento.

Vale ressaltar que o uso desses dispositivos necessita de recomendações específicas da Aliança Internacional de Comissões de Ressuscitação, além de regulamentação das indicações e contraindicações de forma clara e objetiva. Inclusive, não basta ter o suporte tecnológico, o treinamento da equipe deve ser alvo da excelência no uso do dispositivo.

Você tem experiência no uso de dispositivos de compressão torácica mecânica?
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6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Adorei o artigo e me supreendi com o resultado, pois o estudo relata que a capacidade de obter ROSC com compressão mecânica foi inferior à compressão manual no peito durante a ressuscitação. Acho necessário novos estudos a esse respeito.

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  3. Não tenho experiência com este dispositivo mas achei de grande relevância e muito interessante o artigo, de uma imensa importância...ficarei na expectativa de um resultado futuro dos colegas... também acho q uma equipe bem treinada é o ponto de partida.

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    1. Vamos aguardar os futuros estudos e investir na qualificação e treinamento das equipes!

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  4. Poderíamos considerar em ambiente pré hospitalar o uso efetivo, pois os recursos humanos são bem diminuídos, tendo em vista essa realidade, o uso mecânico pode ser uma ajuda a Mais, ou então permitir que os membros da equipe possam estar realizando outros procedimentos....

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